Esse final de semana, me encontrei com Ferreira Gullar. Não exatamente com sua poesia e sim com ele falando de outro mago das palavras: Vinícius. Mas lembrei-me do quanto gosto dos seus escritos, especialmente o que se segue.
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte-
que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Nenhum comentário:
Postar um comentário