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36 anos, curiosa e viajante. Nas horas vagas, também dona de casa, professora e enfermeira.

domingo, março 03, 2013

Adulta

Sinto uma saudade gostosa quando penso no meu primeiro emprego de verdade, como enfermeira em um PSF lá no leste da zona leste de São Paulo. Não pelo trabalho em si (ou também), mas porque foi a época em que aprendi a ser adulta.
Já havia flertado com essa idéia de ser adulta. E, muitas vezes, acreditava mesmo já ser, mas não era. Definitivamente!
E a gente não vira adulto assim, do dia pra noite. É uma construção, um descobrir-se, um inventar-se. E, pra mim, isso aconteceu pelo trabalho. Pela sensação real de que ali começava a se desenhar quem seria a Camila adulta.
E é quando me lembro daquele PSF, daquelas pessoas, do caminho da Marginal e da Assis Ribeiro, da falta de lugar para almoçar, do cansaço do fim do dia, da salada de mil coisas com kani e molho parmesão, de comprar a máquina de lavar sem saber mexer na trava, de tentar fazer comida e comer tudo duro e sem sabor, de silêncio toda noite na minha casa nova e sozinha... É quando me lembro de tudo isso que me remeto a como cresci e me tornei adulta.
E foi tão bom! Tem gente que insiste em não crescer. Não os culpo. Quando a gente é adolescente parece que se tornar adulto é algo como a morte. Mas não é. Ao menos pra mim, não foi. Foi mágico e saboroso.