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36 anos, curiosa e viajante. Nas horas vagas, também dona de casa, professora e enfermeira.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Especial

Nando Reis é sempre perfeito. Eu já disse que se conseguisse escrever um décimo do que ele escreve, me sentiria um gênio. Mas essa se tornou pra lá de especial...

No recreio
Nando Reis

Quer saber quando te olhei na piscina
se apoiando com as mãos na borda
fervendo a água que não era tão fria
e um azulejo se partiu
porque a porta do nosso amor estava se abrindo
e os pés que irão por esse caminho
vão terminar no altar
Eu só queria me casar
com alguém igual a você
E alguém igual não há de ter
então quero mudar de lugar
eu quero estar no lugar
da sala pra te receber
na cor do esmalte que você vai escolher
só para as unhas pintar
quando é que você vai sacar
que o vão que fazem suas mãos
é só porque você não está comigo?
só é possível te amar...

seus pés se espalham em fivela e sandália
e o chão se abre por dois sorrisos
virão guiando o seu corpo que é praia
de um escândalo, charme macio
que cor terá se derreter?
que som os lábios vão lamber?
vem me ensinar a falar
vem me ensinar te comer
na minha boca agora mora o teu sexo
é a vista que os meus olhos querem ter
sem precisar procurar
nem descansar e adormecer
não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida
olhar pro sol, só ver janela e cortina
no meu coração fiz um lar
o meu coração é o teu lar
e de que me adianta tanta mobília
se você não está comigo?
só é possível te amar
ouve os sinos, amor
só é possível te amar
escorre aos litros o amor

domingo, dezembro 16, 2007

Saudade

Queria escrever algo sobre saudade. Aquela que sinto por um dia só de ausência e sei que sentirei ainda mais nos próximos tempos. Saudade antecipada.
Mas, como freqüentemente ocorre, palavras me faltaram pra descrever essa sensação. Talvez eu até consiga mais tarde, mas queria dizer agora. Então recorri a um tal Wanderlino Arruda. Não sei quem ele é, nem o que faz, mas conseguiu me substituir perfeitamente neste momento.

"De onde veio realmente o vocábulo saudade? Do latim solitate (soledade, solidão)? Do árabe saudah? Dos arcaísmos soydade, suydade? Até Antenor Nascentes, que foi nosso melhor estudioso da etimologia, não é convincente na explicação da origem. Influência da palavra saúde, como pode parecer uma analogia fonética? Dificilmente.
Não sendo possível definir a matriz de onde sai esta filha tão grata a todos nós, resta-nos apenas a satisfação e a honra de tê-la em nosso vocabulário, sem o perigo de competição por parte de qualquer língua de dentro ou de fora de nossa família latina. (...)
E o que é mesmo saudade? Um sentimento que deve existir no coração de toda criatura humana, seja ela de qualquer raça, de qualquer parte do mundo, seja pobre, seja rica. A saudade não escolhe, não discrimina, não se faz de rogada para existir. Ela vem de mansinho ou vem fortemente, chegando quando menos se espera. A saudade é amiga da solidão, companheira inseparável do amor, visita invisível da amizade, às vezes pedaço de paixão, em muitos casos suave perfume de momentos de carinho e ternura. (...)
Saudade é dor que sufoca o coração e alegra a alma. Saudade é presença do ausente, é lembrança do bem-querer, um doce convívio com a distância, uma alegre e agradável tristeza do ver-não-vendo, do amar sem o objeto do amor... "

domingo, dezembro 09, 2007

Pensamentos soltos

Qual é a medida certa? Chico alertou: O que não tem receita... Então deve ser a medida da vontade margeada pelo bom senso. A vontade é imensa. Já o bom senso, quem sabe?

Colors

Musiquinha que eu descobri hoje, no filme Just like heaven (E se fosse verdade). Se não diz tudo, diz muito...

I know we all, we all got our faults
We get locked in our vaults and we stay
But when you’re gone all the colors fade
When you’re gone no New Year’s Day parade
Colors - Amos Lee

E como hoje estou muito boazinha, vai a tradução livre:
Eu sei, nós todos temos nossas falhas. Nós começamos trancados em nossos caixas-fortes e lá permanecemos. Mas, quando você está indo, todas as cores desbotam. Quando você está indo, não há parada de Ano Novo.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Acalanto

Você chega sorrindo e te engulo com os olhos. Me divirto, gargalho, te aproveito o quanto posso. Não resisto a sua boca, ao toque das suas mãos. De repente, o tempo pára, ele que passava tão rápido até então. Seu calor aquece meu corpo frio, meus ouvidos se enchem da sua respiração, como um canto. Já não sei mais quem é quem. E, depois do amor, o acalanto.

Imagine

Obras de arte serão sempre obras de arte, mas há como ser mais atual? Infelizmente, não. Mas continuamos imaginando, afinal não somos os únicos.
E como diria Raul "Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Sonho que se sonha junto é realidade."
Enjoy it!

Imagine
John Lennon

Imagine there's no heaven,
It's easy if you try,
No hell below us,
Above us only sky,
Imagine all the people
living for today...

Imagine there's no countries,
It isnt hard to do,
Nothing to kill or die for,
No religion too,
Imagine all the people
living life in peace...

Imagine no possessions,
I wonder if you can,
No need for greed or hunger,
A brotherhood of men,
imagine all the people
Sharing all the world...

You may say I'm a dreamer,
but I´m not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live as one

domingo, dezembro 02, 2007

O controle é uma ilusão

Por muito tempo, acreditei que era importante ter controle de absolutamente tudo. Excesso de virgem em planetas pessoais... Planejar o ano, o que dizer, o que fazer, a vida. E quando algo saía do plano inicial, a tortura e a confusão.
Mas o mundo é feito de surpresas (antes tão mal vistas). Muitas boas, outras nem tanto. Fato é que elas surgem, porque nada depende exclusivamente de você. E o controle não passa de uma ilusão que se cria para sentir-se seguro.
Aprendi que o inesperado acontece e é lento e gradual. Vai tomando conta da sua vida e você não sabe nem ao certo quando foi que ele apareceu. Busca na memória pra tentar entender como foi que aconteceu e não acha. Não aceita não saber e procura mais... em vão.
O controle é realmente uma ilusão. Ainda bem! Que chato seria se nada mudasse, se você soubesse o que vai te acontecer nas próximas horas, nos próximos dias, até o fim da sua vida...

domingo, novembro 25, 2007

Mesmo elemento

Os quatro elementos e os humores: o homem está entregue a eles, dominado. Barthélemy l'Anglais.

Estávamos discutindo outro dia: O que é ser do mesmo elemento?
Minha curiosidade quase insaciável me fez procurar algumas explicações.
Na química encontrei: A partir da observação do comportamento dos átomos, aqueles grupos que possuíam um mesmo comportamento passaram a ser denominados como elemento químico.
Na astrologia encontrei: Os elementos – terra, água, ar e fogo – representam certos traços de personalidade que diferenciam tendências comportamentais.
Na filosofia encontrei: Os antigos gregos identificaram quatro elementos primordiais, que se contrastavam dois a dois: água e fogo, ar e terra. Cada um deles, entretanto, era dedução óbvia da combinação de duas qualidades distintas, espécie de essência por detrás da essência que, misturadas, geravam as manifestações elementares.
Cansei de procurar, decidi que a dúvida iria permanecer. Então, PLIM, um insight me assolou: se ser do mesmo elemento é de alguma forma se comportar da mesma maneira, um elemento não estranha o outro, certo?
Logo, ser do mesmo elemento que alguém é ter a mesma natureza. Sendo assim, naturalmente vocês se entendem e a energia flui sem obstáculos, pois está imersa em um mesmo elemento.
De qual elemento você é? O que é ser de um elemento? O que é um elemento?
Essas questões deixaram de ter relevância nesse momento. O que importa, como sempre imaginei, é a energia. E a física me socorreu da filosofia na qual estava perdida...
Se a energia flui, meu amigo, é o que importa.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Minhas meninas

Lembro das músicas cantadas, gritadas, da confusão do banheiro pré balada, das brigas por causa da louça, do banheiro, do barulho.
Lembro das aventuras, das viagens, dos planos, dos casos mal resolvidos, das conversas no quartinho, da ata bem guardada, das risadas espalhadas.
Lembro de cada minuto, cada lágrima, cada abraço, cada colo e cada silêncio que compartilhamos.
Lembro da certeza do amor e da eternidade. E não é que estávamos certas?

O meu amor e o Chico

Esse Chico e seus encantos... A cada dia colocando mais palavras na minha boca e na minha alma.

O MEU AMOR
Chico Buarque

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

quarta-feira, novembro 21, 2007

Catavento


E de pensar morreu o burro. Será?
Idéias ao vento, cabelos ao vento...
A biruta parou, o catavento também.
E agora?

Pensamento solto, assim sem rumo,
vai pra alma e fica lá.
Melhor ao vento, chega longe.
Será?

A alma, assim tão perto
e tão pouco explorada,
sente-se um pouco incomodada
com tamanha intromissão.

Mas o vento logo torna,
leva tudo pra longe.
O catavento enlouquece,
a biruta não sabe pra onde vai.
O pensamento é que fica biruta,
viaja pra qualquer lugar.

Deixa a alma pra mais tarde,
que ela é logo ali.
Tão próxima e tão distante,
volta pra sua quietude.
Será?

sexta-feira, novembro 16, 2007

Trilha sonora

Pra mim, a vida sempre teve trilha sonora.
Para melhor entendimento, é importante ressaltar que toda leonina é um pouco dramática e, sendo assim, minha trajetória é quase um filme e cada cena tem um som de fundo.
Renato Russo escreveu a trilha sonora de muita gente, ou pelo menos boa parte dela. Comigo não foi diferente. Nos momentos que minhas palavras não foram o suficiente, sempre encontrei uma frase que me completou.

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
Nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos

Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
Sempre a última chance

Encanto

Tudo em você encanta.
Seus olhos, seu sorriso,
seu toque, seu beijo.
Sua presença nos momentos mais precisos,
quando tudo parece estranho e vazio.

Essa sensação de conforto
que sinto ao seu lado,
como se nos conhecêssemos há anos,
desde sempre, desde que há.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Brighter Than Sunshine


O filme: A lot like love
A cena: New York, ele mirando com a máquina fotográfica, mas sem bater fotos.
Ela, inconformada com a economia de filme para a viagem dele, diz:
"Sua viagem já está acontecento, é agora".
A viagem: Não há o que ansiar, sua vida é agora. O momento mais sublime é aquele que você vive com toda a intensidade, que você pode sentir, perceber seu perfume, ouvir cada suspiro abafado, degustar cada sabor delicado e olhar com profundidade.
A ansiedade do que há por vir te impede de viver.
What a feeling in my soul
(...) It's brighter than sunshine

terça-feira, novembro 13, 2007

O que será?

Hoje, um pouco de Chico pra aquecer o coração e abrilhantar o blog:

"O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
O que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
O que nem é direito ninguém recusar
O que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita"

segunda-feira, novembro 12, 2007

Coragem

A palavra coragem deriva do latim cor, que significa coração. Tem como sinônimos firmeza de espírito, ânimo, perseverança. Tão natural quanto ter um coração, seria ter coragem de fazer aquilo que acredita e sente, sem receio de julgamentos alheios.

Porque, parafraseando Caetano, “cada um sabe a delícia e a dor de ser o que é...” e somente cada um sabe o que realmente é, sente e acredita. E se é a sua verdade, nunca unânime ou absoluta, porque não ser dita? Ou feita?

Falta coragem no mundo. Coragem para lutar pelos ideais, para se identificar com uma causa, para se expor e expor o que sente, para buscar a felicidade... E não tem que ser assim.

Quando uma pessoa abre mão do seu ânimo, da sua perseverança, ela abre mão de si mesma e adoece. Acredita que os sonhos e a vida acabaram e passa a viver no piloto automático.

Quando falta coragem no mundo, as pessoas passam a viver de mentiras e do medo. Medo de ser julgado, de se frustrar, de sonhar e de viver. E, depois, reclamam que o mundo está cada vez pior. Poderia estar melhor se cada um tivesse coragem de ser o que é.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Novo

Às vezes, acreditamos que não há mais caminhos diferentes a serem trilhados. As opções parecem ter acabado, as pessoas especiais encontradas, a personalidade completamente formada e as decisões tomadas. Até que nos deparamos com uma nova trilha, pronta pra ser desvendada.

O medo e a comodidade nos fazem hesitar, refletir sobre a falsa segurança do conhecido.

Mas há uma excitação irresistível no mistério, no desejo de descobrir opções nunca antes pensadas, de desfrutar da companhia de pessoas que se tornam cada vez mais especiais, de se reformular e se redescobrir e de escolher rumos diferentes.

Nesses momentos, o novo se impõe e muda nossas vidas. Não há mais como rejeitá-lo ou fingir não perceber sua existência. Ele já se instalou, nos desnorteando e nos inundando de uma surpreendente felicidade.

domingo, outubro 28, 2007

Embriaguez

Embriagada com seus olhos, que não me saem da cabeça, senti minha garganta fechar, a barriga doer e os pés não me obedecerem. Mas tinha que caminhar, me distanciar de você. Ainda que a vontade fosse ficar e mergulhar nos seus braços, o rumo que a vida tomou não me permitia seguir meus desejos.
Desnorteada e sem palavras, fiquei como se estivesse anestesiada o resto da noite. Não consegui me concentrar em mais nada, tudo parecia sem sentido. A sensação de embriaguez não passava e eu não parava de pensar em como é estranha essa vida que nos leva a agir contra o natural. E o natural, claro como céu de verão em dia de sol sem nuvens, era estar com você.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Uma dança que não terminou...

Não consigo me lembrar da música. Na verdade, poderia ser qualquer ritmo. Não sei se samba, forró ou balada. Se bolero, tango ou salsa. Nada importava, a dança era maior. Encostada no seu corpo, sintonizados, sentindo sua energia se misturar a minha tudo passava a fazer sentido. O tempo ganhou uma nova dimensão e a eternidade deixou de ser abstrata.

terça-feira, outubro 09, 2007

E tudo se fez cor...


Às vezes, sinto o mundo em preto e branco. Não um preto e branco clássico de filme, que inebria e acalanta, e sim um preto e branco sem graça, corriqueiro e apressado, como um trabalho mal acabado.
Mas, quando o desejo por cor se torna mais intenso do que nunca, o universo sempre propõe que você encontre e reencontre paixões. Coisas simples, como toda boa paixão, e tão complexas em sua simplicidade. Uma música que empolga ou emociona, o sol que ilumina e intensifica todas as matizes, o calor que aquece e revigora, uma cena cotidiana que mostra toda a graça da vida, um momento que se eterniza...
Uma das minhas maiores paixões sempre me proporciona tudo isso, deixando um gosto de “quero mais”: o Rio de Janeiro. E como não podia deixar de ser, dessa vez tudo se fez cor.