Quem sou eu

Minha foto
36 anos, curiosa e viajante. Nas horas vagas, também dona de casa, professora e enfermeira.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Olhei para trás, vi meus passos na areia. Eles pareciam tão maiores que meus pés e o trajeto tão mais curto do que os músculos das minhas pernas denunciavam... Areia fofa, piso irregular, devia ser isso. Mas a vista do mar e o vento no rosto eram tão bons que estavam valendo a caminhada. Passei pelo riacho que desembocava discreto no mar e pelas conchas jogadas displicentemente, trazidas pelas ondas por não servirem mais para suas donas. Prestei atenção em cada som, em cada cor, no cheiro da maresia, tudo parecia preencher o momento. Mas a praia acabou num rochedo instransponível e eu não tinha outra opção a não ser voltar. Fui seguindo meus passos de volta, prestando atenção em cada um deles. Ao contrário do que sempre acontece, o retorno pareceu bem mais longo do que a ida. O prazer não era o mesmo e me lembrei que caminhava sozinha. O Sol já se escondia, como se avisasse o final daquele momento. Quando cheguei na trilha para o asfalto, me sentei na areia. Não queria ir embora, queria ficar ali e sentir novamente todas as sensações vividas até o rochedo. Me arrependi de não ter tentado andar entre as pedras para ver o que havia do outro lado e não conhecia muito bem o local para tentar achar outro caminho. Além disso, era quase noite e no escuro tudo fica mais difícil. Esperei pela Lua, tinha me esquecido que ela estava minguante. O momento realmente tinha acabado, mas eu simplesmente não conseguia levantar. Fiquei sentada, contemplando o mar negro como a noite, olhando as estrelas e tentando descobrir o que elas tinham a me dizer, só havia silêncio. Elas também não tinham mais nada a declarar.

Nenhum comentário: