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36 anos, curiosa e viajante. Nas horas vagas, também dona de casa, professora e enfermeira.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Tem dias

Tem dias que você preferiria não ter acordado, a cama parecia tão mais acolhedora...
Mas você se levantou, as notícias não foram boas, sua rotina foi alterada, o mau humor se instalou e tudo pareceu sem sentido. Você se pergunta porque coisas assim acontecem, se alguma atitude sua justifica os fatos, o que há para ser feito e só consegue encontrar motivos para ficar ainda mais desolado. Então, toca Raul:

"Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado sutil"

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O que importa é o como...

...porque coisas boas devem ser registradas no momento em que você as ouve:
"Não importa o que você vive e sim o modo como você escolhe viver."

Conselho astrológico

Estava eu, mais uma vez, exercitando a tarefa do auto-conhecimento quando me deparei com o seguinte conselho: Para refrear os dramas, quando eles começarem a acontecer, se pergunte: "isto é realmente tão sério quanto eu estou percebendo?". Parei pra pensar e é realmente sério.
Sério perceber quanta tempestade em copo d´água fazemos na vida, quantas chateações não mereciam um terço da atenção que dispensamos a elas, quanta energia gastamos alimentando sentimentos que não nos servirão para absolutamente nada.
Sério encarar a realidade de que somo todos (minha geração, ao menos) mimados e queremos que as coisas aconteçam exatamente do nosso jeito. Sério imaginar quantos mal entendidos poderiam simplesmente não existir se pensássemos antes de cada momento de irritação "isto é realmente tão sério quanto eu estou percebendo?".
Porque, relembrando somente os meus pequenos "dramas" da última semana, percebi que TODOS eles não eram realmente sérios o suficiente para o tempo que demandei pensando sobre eles. Decidi então não relembrar mais nenhum pra deixar de me sentir tão infantil e ridícula.
Então, no próximo drama (que não deve demorar, afinal leonina adora um teatro!) já tenho frase pronta: Fala sério!

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Afinidade

Recebi este texto da minha amiga balzaca, com quem tenho uma afinidade inexplicável (como toda afinidade) e quis compartilhá-lo com o mundo. Sei que "o mundo" não lê minhas viagens e desmandos por aqui, mas é o mais próximo que consegui. Então vai...

Afinidade - por Artur Távola

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.S entir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas. Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

A favorita

Minha favorita do Lulu e uma das minhas letras favoritas dentre todas. Tema de 2001 recordado agora e retomado sempre que visitado.

Tempos Modernos
Lulu Santos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear.
Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito do firmamento ao chão.
Eu quero crer no amor numa boa
Que isso valha pra qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão.
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não.
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

O mistério de cada um

Definitivamente o ser humano não pode ser explicado ou compreendido por uma ciência exata. Tentamos classificar estereótipos e personalidades através da psicologia, decifrar cada indivíduo através da astrologia e de outras tantas "logias" surgidas depois, observar comportamentos prevalentes e colocar tudo isso em números e probabilidades através da estatística. Salvo esta última, todas estão bem longe de serem ciências exatas, assim como estamos bem longe de conseguir entender a humanidade e um ao outro com exatidão.

A verdade é que cada um de nós mal consegue entender a si próprio, nessa torrente de emoções que sentimos a cada minuto e na vastidão de pensamentos que passam pelas nossas cabeças no mesmo minuto. É muita pretensão, então, acharmos possível entender outro alguém, não acha?

Achar todo mundo acha, mas é verdade também que ninguém desiste dessa ingrata missão. É só ouvir um pouco de música ou ler alguma poesia e nos defrontamos com uma das mais antigas obsessões humanas:
“Ah!, se eu pudesse entender o que dizem os teus olhos...”
"Eu queria ver no escuro do mundo onde está tudo o que você quer"

Refletindo sobre os motivos que nos levam a essa quase tortura, percebi que talvez (talvez mesmo, assim sem exatidão alguma) seja essa nossa velha mania que faz nos interessarmos uns pelos outros. O desafio de decifrar o mistério de cada um ou parte dele pode ser o que nos faz querer passar mais tempo ao lado de alguém, em busca de mais uma peça para esse imenso quebra-cabeça. E a maior recompensa é descobrir nas peças dos outros quebra-cabeças, respostas para os próprios mistérios e deixá-los também serem desvendados, por si próprio e por quem você permitir.

domingo, fevereiro 10, 2008

Ninguém é igual a ninguém...

Do velho e bom Humberto, mal humorado, por vezes antipático, mas que sabe escrever como poucos...

Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
(...)
Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
Ninguém é igual a ninguém
(...)
Todos iguais e tão desiguais,
Uns mais iguais que os outros
Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
(a vida seca, os olhos úmidos)
(...)
Todos iguais, todos iguais
Mas uns mais iguais que os outros

sábado, fevereiro 02, 2008

Metade de mim

Porque metade de mim é o que eu falo e a outra metade é o que eu calo.
Porque metade de mim é o que os meus olhos mostram e a outra metade é o que se revela em diálogos.

Metade
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio
(...)
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço
(...)
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também

E agora?

Tem dias que a gente não sabe o que fazer consigo mesmo. Que o apartamento parece gigante, os livros vazios, a televisão sem opção, as músicas repetitivas e o computador enfadonho. O sono não chega, a cama te expulsa, a geladeira não tem nada que te interessa e você simplesmente se sente sozinho.
Dá vontade de pegar o telefone, mas você não quer atrapalhar ninguém.
Dá vontade de pegar o carro, mas você não tem pra onde ir.
Dá vontade de deitar no colo, mas você não alcança o seu.
Dá vontade de conversar sozinho, mas sua voz nunca é o suficiente.
Ainda bem que esses dias são raros e passam, de uma forma ou de outra. Nesses momentos, me rendo ao consolo da caneta (ou do teclado).

E sempre tem alguém que também já escreveu algo sobre o que você está sentindo...
"E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?"
Carlos Drummond de Andrade