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36 anos, curiosa e viajante. Nas horas vagas, também dona de casa, professora e enfermeira.

domingo, março 30, 2008

Indiferença

Não há dor maior que a da indiferença. Mais do que o desprezo ou o desdém, alimentados por sentimentos maiores, nobres ou não, a indiferença cria feridas sem tratamento. Apresenta-se com a famosa “cara de paisagem”, não dá dicas de porque acontece ou de como revertê-la.
Sensação pior não há do que perceber alguém indiferente a você. Perceber que sua presença não faz diferença, que sua existência é irrelevante. Contra o ódio, o rancor, a ira e até o desprezo há argumentos e tentativas, a indiferença nada permite.
E ela se reproduz de forma inigualável, porque diante da indiferença a única defesa é tornar-se indiferente. E quando isso acontece uma nova era glacial se instala e a distância criada é intransponível.
Por isso, faça questão de enxergar as pessoas ao seu redor, preste atenção em tudo e todos, não se torne indiferente a nada Não se permita perder o sentir, ainda que por vezes isto lhe traga lágrimas, angústia e mal estar. Tudo é reversível e remediável se você ainda tiver a capacidade de sentir.
"Há mais coisas na vida que são perdidas pela indiferença do que pela hostilidade explícita."
Robert Gordon Menzies

terça-feira, março 25, 2008

Coincidência

Eis que estava eu com essa música na cabeça, na boca e no celular, quando a baiana me aparece na TV, no programa de maior audiência, e a canta, bem antes do climax. Tudo de bom! Coincidências sempre são divertidas... Passando o recado.

Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já vi que não posso ficar tão solta
Me vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito
Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho, tão de perto
Me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é
Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim
Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais
Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar
E o tempo é só meu
E ninguém registra a cena
De repente vira um filme
Todo em câmera lenta
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é
Eu vou equalizar você
Numa freqüência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

domingo, março 23, 2008

Amores são sempre possíveis

Apesar de Platão, do Romantismo e de toda esta cultura de Tristão e Isolda que nos assola, todos esperam viver amores possíveis. O sofrimento é lindo nos filmes, produtivo para os artistas e insuportável a longo prazo para qualquer ser humano normal. Muitos insistem em dizer que não é fácil encontrar um amor, outros afirmam que é difícil manter a chama acesa com o tempo. Mas a verdade é que, quando se quer amar e se permite ser amado, amores são sempre possíveis.

Amores possíveis
Paulinho Moska

Sim,
Tudo agora está no seu lugar
O universo até parece conspirar pra que não seja em vão,
Tanto tempo esperando esse amor
Sim,
Parece até que nada em nós mudou
Tanta coisa a gente inventou
Pra chegar afinal onde sempre eu te quis ver chegar
Paixões que eu vivi como se fosse uma,
A tua espera sempre foi assim
Contratos feitos com o tempo
Amores são sempre possíveis

domingo, março 16, 2008

Dizer ou não dizer, eis a questão!

Tive uma infância quieta, repleta de silêncios, na proteção do meu quarto. Pensava, pensava e pensava, mas não dizia nada. Não sabia como me comunicar com palavras ditas, então escrevia e escondia, porque deixar alguém ler seria o mesmo que falar e isso eu não sabia.
Com o tempo, fui querendo interagir e fazer parte do mundo. Queria sair da solidão que me assolava de uma maneira incompreensível. Aprendi a falar, sobre tudo um pouco, a sós ou pra multidões. Passei a acreditar que tudo precisava ser dito, que sentimentos e pensamentos foram feitos para serem compartilhados. E falei muito, demais.
Voltei a refletir e descobri que algumas coisas devem ser ditas e outras não, isso é racional. Mas é difícil escolher o que dizer. Pensei que se você tem que discutir muito um assunto é porque algo não está dando certo, então é melhor não falar. Os olhos fariam sua parte.
Hoje percebi meu ledo engano, não falar também deixa marcas. O silêncio fala, grita até. E, assim como os olhos, corre o risco de ser mal interpretado.
Entre minhas eternas tentativas de ser racional e minhas também eternas destemperanças de instinto, só consigo acreditar que não há certo nem errado quando o assunto é se expressar.
Percebi que falar pode ser a forma mais justa de se fazer entender e de procurar entender o outro, ainda que muitas vezes seja constrangedor ou até enfadonho. Porque tudo o que fica mal resolvido, dito pela metade ou não dito permanecerá dentro de você, como uma erva daninha impedindo o seu crescimento. E isso definitivamente não pode ser racional.
Ainda que o receio de quem já falou demais continue me perseguindo, vou tentar me lembrar da questão: Dizer ou não dizer? Entre as tantas escolhas que temos na vida, essa será só mais uma. Por vezes poderei me arrepender, outras me sentirei aliviada por dizer ou não. E isso certamente me fará crescer. Nada pode ser mais racional.

Martha Medeiros

Sem querer, navegando nesse mundo que é a internet, tive o prazer de descobrir essa jornalista e escritora gaúcha, chamada Martha Medeiros.
Para o deleite de vocês, separei alguns trechos de um poema chamado A Voz do Silêncio:

" Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!


(...)

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.


(...)

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem."

terça-feira, março 11, 2008

Sim

Sinastria,
Sincronia,
Sintonia,
Sinfonia.

Simples
Sim.

Sinto assim,
Você em mim.

Sisters by chance, Friends by choice

Minha eterna pequena desde bebê é o centro do seu mundinho. Com sua voz estridente, seu sorriso meigo e seu jeitinho maroto, conquista todos ao seu redor. Suas roupas, tatuagens e piercings realmente não contradizem o que ela é: uma constante contradição. Chora, grita, bate o pé, faz drama e sempre consegue o que quer. Mas é só uma menina, com um coração imenso sempre disposto a dar carinho e amor. Com seu humor ácido, sua dualidade geminiana e a maneira espalhafatosa de chegar, ela realmente chegou e nos escolhemos pra ser amigas, irmãs.

Giz

Peguei o giz de cor pra pintar as nuances da nossa vida. Na caixa só tinham seis, poucas cores pra representar tanto. Pintei o céu que cobriu tantas conversas nossas, tantas loucuras, por vezes azul, por vezes negro pintado de estrelinhas. A conversa sempre rendia, mas muitas vezes não satisfazia. Quantas a gente não entendeu? Pintei ainda as paredes que abrigavam nossa rotina, por vezes multicolorida e outras tantas cinza. Rotina que criamos até que nos engolisse e desbotasse as cores. Pintei o chão que não pisávamos e não lembro se quer a cor. Será que você consegue lembrar? Talvez não, era distante. Os gizes começaram a não ter graça, então decidi pintar o sol. Aquele que ainda brilha sobre nós, ressaltando todas as matizes, iluminando tantas outras conversas, tantas rotinas mutáveis e o chão que agora nos ampara, firme e palpável. Me deito sobre ele e relaxo. Como nos faz bem, não acha?

segunda-feira, março 10, 2008

Ser mulher

Em "comemoração" ao Dia Internacional da Mulher, pensei sobre o que era ser mulher nos dias de hoje. Difícil saber. Aliás difícil saber o que é ser qualquer coisa nos dias de hoje...
Digressões a parte e caindo no "lugar comum", ser mulher hoje em dia é uma tarefa árdua. Jornada tripla obrigatória, busca incessante pela beleza, obsessão por ser a melhor amante e tudo isso que a gente encontra nas revistas ditas femininas.
Mas não era bem isso que eu estava procurando. Queria pensar sobre o que é a energia feminina, o que toda mulher traz dentro de si. Lá se vão algumas das minhas reflexões (bem resumidas, afinal demoraram 2 dias para estarem prontas):
Toda mulher é um pouco subserviente, porque o cuidar é feminino.
Toda mulher é uma hipérbole, seus sentimentos são imensos, exagerados.
Toda mulher guarda dentro de si uma menina amedrontada e carente, que deseja ser protegida, afagada.
Toda mulher é um pouco mãe, mesmo antes ou sem parir elege filhos para proteger por toda a vida.
Toda mulher tem seu lado leoa, sai a caça, enfrenta a selva e luta pela própria sobrevivência e a daqueles que ama.
Toda mulher tem complexo de Cinderela, espera encontrar o príncipe encantado e ser feliz pra sempre.
Toda mulher traz dentro de si o caos... Mas o mundo não seria o mundo se ele não tivesse existido, assim como não seria possível ser mulher sem ser um pouco caótica.
Afinal, voltando ao "lugar comum", que ser humano "normal" conseguiria cozinhar, cuidar de criança, falar ao telefone e pensar nas tarefas do dia seguinte ao mesmo tempo, sem deixar que nenhuma tragédia acontecesse?

Ferreira Gullar


Esse final de semana, me encontrei com Ferreira Gullar. Não exatamente com sua poesia e sim com ele falando de outro mago das palavras: Vinícius. Mas lembrei-me do quanto gosto dos seus escritos, especialmente o que se segue.
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte-
que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

sexta-feira, março 07, 2008

De repente

De repente percebi que tudo em você me faz bem. Ouvir sua voz, ver seu sorriso, observar seus olhos sempre brilhantes e mesmo te admirar imóvel, dormindo... Bem estar assim de graça, sem nenhum esforço, sem nenhum motivo.