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36 anos, curiosa e viajante. Nas horas vagas, também dona de casa, professora e enfermeira.

quarta-feira, abril 09, 2008

Pára o mundo que eu quero descer

O que aconteceu conosco?
Em que momento tudo se tornou banal?
Quando a compaixão deixou de fazer parte da humanidade?
Como tantos outros estou horrorizada. Criança torturada com a desculpa de estar sendo "educada", criança estrangulada e supostamente arremessada de uma janela, tudo em menos de 30 dias... E estou mais perplexa ainda por só nos sentirmos horrorizados quando coisas inacreditáveis acontecem, por não prestarmos mais atenção nas milhares de pessoas jogadas nas ruas, nas crianças fumando craque no centro, na fome, na violência gratuita de cada esquina, no nosso próprio descaso.
Me assusta perceber que esses casos logo serão esquecidos e "trocados" por outros, como o menino que foi arrastado pelo asfalto no carro de bandidos em fuga, pelo casal de adolescentes assassinado em Embu, com a garota sendo abusada por sei lá quantos dias, e tantos outros que insisto em esquecer pra manter a sanidade.
Me sinto conivente, omissa, impotente. Uma tralha qualquer envolvida com os assuntos relacionados ao próprio umbigo. E dói. Dói de uma maneira absurda perceber o mundo em que vivemos e que, de alguma forma, diariamente ajudamos a construir.
O que fazer nessas horas?
Acho tão inútil uma série de homenagens, a mídia tratando tragédia como espetáculo, o assunto do elevador ser a morte de uma criança como quem comenta meteorologia. Dizer "Esse caso da menina que morreu está muito mal contado, né?" como quem diz "Acho que hoje vai chover?" só pra ser simpático e puxar assunto. E não é uma crítica aos outros, eu também participo assistindo o "espetáculo", aceitando o assunto proposto...
Vejo as ONGs e associações de familiares que sofreram com essa falta de humanidade, tentando a ajuda mútua, compartilhando a dor, pregando a paz. Será esse o caminho? Isso resolve? Sinceramente, não sei. Tenho 29 anos e desde que me conheço por gente convivo com barbáries, cada vez mais freqüentes e menos relevantes para todos, que se acostumaram, assim como eu, a assistir tudo como um espectador. A se comover com as tragédias e com a "ação" dessas ONGs, como quem vê um filme, chora, enxuga as lágrimas, assoa o nariz e vai pro barzinho.
O que fazer? Se alguém tiver alguma sugestão eu aceito de bom grado, porque do jeito que vai, só tem uma saída: "Pára o mundo que eu quero descer!".

2 comentários:

Astrólogo de Plantão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Camila, tenho seu blog e de alguuns amigos especiais nos meus favoritos.

Vc e sua escrita são de uma sensibildiade iluminada. Mas não me surpreende por conhecer um pouco da bondade e generosidade de uma Leonina com Asc em Libra.

Acho que vc pôs em palavras tudo o que muita gente gostaria de expressr e não consegue.

Na minha opinião as Ongs como a do pai do garotinho (Yes Ota) ou a da Gabriela sou do Paz, do Rio, são ações importantes, sim. Primeiro pra eles, que perderam, se fortalecerem emocionalmente e se erguerem com a "falta de humanidade" e até mesmo pra não desistirem ou descerem do mundo. Talvez esses gestos sejam um alento de Deus ou de anjos lá em cima dizendo a esses pais e parentes que eles precisam fazer algo, que a "passagem " dos filhos não foi em vão.
Quando você tem um ferimento uma dor, uma doença e ela já cicatricou, nada melhor do que ensinar pra outras pessoas um modo de cicatrizar também. Eles devem encontrar nesse compartilhamento uma maneira de crescerem com essa lição. É melhor transformar uma ira, ou um ódio pela perda do filho, em amor, na solidariedade coletiva que acontece através das ongs. Eles mostram que não são iguais aos "desumanos". Mostram que a essência deles é diferente. Mostram que, se tiveram dor, não irão descontar no mundo a mesma desumanidade ou a raiva que outros tiveram. Mas sim, lutando com outra essência, a essência de construção, não de destruição, fazendo algo, ou mesmo perdoando. De certa forma, a lição de perdoar e de expor amor numa situação dessas pode ser a maneira mais nitida de perceber que a missão dos filhos perdidos foi cumprida, e os filhos , não foram tão perdidos assim. Talvez seja uma maneira de agir sabendo que eles não podem "descer" do mundo enquanto não fizerem algo.

Parabéns pelas palavras
Queria saber se posso postar em meu blog. www.familiareal.blig.com.br

Grande bjo pra ti

Gui - Astrólogo